sábado, 2 de fevereiro de 2008

Breve história da maquiagem



Vênus, de Sandro Botticelli

Em clima de Carnaval, vai muito bem uma pequena história da maquiagem, essa aliada da fantasia na criação da imagem pessoal. Difícil é saber como tudo começou. Aliás, essa é uma perguntinha que cabe com respeito a qualquer área da cultura...

Parece que tudo começou com a preguiça! rsrs.
No período paleolítico, o homem começou a deixar de ser nômade e a se reunir em grupos, fixando-se em territórios. Ficando mais sedentário e começando a formar as primeiras hierarquias, o homem despertou para esse sentimento que ainda hoje movimenta o mundo: a vaidade.

Os chefes das tribos enfeitavam-se de garras e dentes de animais, seus primeiros ídolos.
Portanto, meninas, eles começaram primeiro! rsrs
Os feiticeiros e os curandeiros começaram a desenvolver e a adornar seus corpos com pinturas “mágicas”.
A seguir surgiram as primeiras pinturas de guerra, que poderíamos considerar os primeiros “uniformes” tribais.

Foi na Mesopotâmia que surgiram os primeiros produtos de maquiagem à base de carvão, henna e outras substâncias naturais, mas foi no antigo Egito que o hábito da maquiagem tornou-se um ritual diário. Os faraós usavam perucas coloridas e maquiavam seus olhos com uma mistura de metais pesados, o que era também uma forma de proteger a vista da intensa luminosidade do sol naquela região.
A rainha Cleópatra ficou famosa por seus banhos de leite e pelo tratamento do rosto com argila.

Os gregos “esnobaram” a maquiagem e preocuparam-se mais com a saúde e a beleza do próprio corpo.

Aproximadamente em 150 a.C., Galeno (chefe dos médicos dos gladiadores e depois médico do imperador romano) criou o primeiro creme facial do mundo, composto de cera de abelhas, óleo de oliva e água. Popéia, esposa de Nero, lançou a moda de banhar-se em leite de jumenta e usar no rosto máscaras noturnas com ingredientes como farinha de favas e miolo de pão, tudo com o objetivo de tornar a pele cada vez mais branca. A grande “descoberta” da época foi o alvaiade, um derivado de chumbo ainda hoje usado na pintura... de paredes. Misturando esse produto a pastas de vinagre, claras de ovos e outras melecas, as mulheres conseguiam tornar sua pele mais clara.

Na civilização ocidental, parece que o desejo de ter uma pele cada vez mais alva foi inspirado no modelo da deusa Vênus. Conta a lenda que Psiquê foi buscar no inferno o segredo da pele branca da deusa e trouxe justamente o alvaiade para compor essas fórmulas mágicas.

Até a renascença italiana as mulheres nobres usavam o alvaiade durante o dia, mas, à noite, cobriam as faces com emplastros de vitelo cru molhado no leite, o que minimizava os efeitos nocivos causados pelo produto. Blérgh, rsrs.

Mas o desejo de ter uma pele alva não foi apenas das mulheres do ocidente. O Kama Sutra, escrito entre os séculos I e IV, também define a mulher ideal como aquela que tem “a pele fina, macia e clara como o lótus amarelo...”. No Japão, entre os séculos IX e VII, a pele branca era valorizada ao máximo e as mulheres aplicavam um pó espesso feito de farinha de arroz. Depois passaram a usar uma pasta à base de açafrão, para colorir as maçãs do rosto.

A criação dos cosméticos coloridos começou a incomodar a “santa mãe” Igreja e, conseqüentemente, muitos soberanos atrelados ao puritanismo imposto por ela. No final do século XVIII, o parlamento inglês recebeu a proposta de uma lei que pretendia punir as mulheres que usavam maquiagem com a mesma pena reservada às bruxas. De acordo com essa lei, os maridos que haviam casado com uma “máscara falsa” estariam desobrigados de suas responsabilidades:

Todas as mulheres que, a partir deste ato, tirarem vantagem, seduzirem ou atraírem ao matrimônio qualquer súdito de Sua Majestade por meio de perfumes, pinturas, cosméticos, loções, dentes artificiais, cabelo falso, lã de Espanha, espartilhos de ferro, armação para saias, sapatos altos ou anquilhas, ficam sujeitas à penalidade da lei que agora entra em vigor contra a bruxaria e contravenções semelhantes, e que o casamento, se condenadas, seja anulado...

Uma graça, não é? rsrs A verdade é que, de lá para cá, a vaidade falou mais alto e a produção de cosméticos se expandiu e evoluiu até o surgimento da cosmetologia, no século XX. Em 1921, em Paris, começa a história contemporânea do batom, finalmente embalado em um tubo e vendido em cartucho. Na década de 70 as cores da maquiagem começaram a ser mais elaboradas e a acompanhar as coleções de alta costura. É por isso que os primeiros grandes fabricantes de cosméticos foram os grandes estilistas: Dior, Chanel, Yves Saint Laurent...

Finalmente, na década de 80, começaram a entrar no mercado fórmulas evoluídas de cosméticos, baseadas em tecnologia de ponta e voltadas também à preocupação com a saúde da pele. Desde então, conceitos como proteção solar, hidratação e controle do envelhecimento tornaram-se universais. O início deste novo milênio marca uma nova era,
a era da beleza inteligente,
em que a criação da imagem pessoal é associada à valorização da beleza natural e à saúde da pele.

Viva Mary Kay!